segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nos APs

Eu morava num destes conjuntos habitacionais novos, coisas do PAC, e tal. Eram uns prédios MUITO vagabundos, mas eram melhores do que a favela.

Os blocos eram coladinhos uns nos outros, uma merda (mas, repito, eram melhores do que a favela). E foi assim que eu conheci a -----------.

Porque pobre cisma de botar esse tipo de nome? Será que eles entenderam mal o sentido de 'perpetuação da espécie'?

Mas, então, a ----------- morava no apartamento em frente ao meu. Repito, os apartamentos eram umas merdas, mas era melhores do que a favela. Até porque, lá na favela, ela morava do outro lado, a gente entrava e saía da comunidade por lugares diferentes. Não temos NADA a ver com o outro. A gente nunca ia se encontrar. E eu nunca ia comer a -----------!

Mas, então, cá, nos prédios colados, a gente morava de frente, um pro outro e a distância entre as janelas é coisa de... 3 metros, se tanto. Quase dava pra ela e eu quase segurarmos a mão um do outro, cada um em seu apartamento, de tão junto que era.

Lembro como se tivesse sido agora: era um domingo de tarde, tava no intervalo do jogo e eu fui fumar um cigarro na janela.

De lá de casa, a vista da janela, é a sala dela, né? Então, quando cheguei na janela a única coisa que tinha para olhar era a TV da sala dela e ela assistindo o jogo, também.

A TV ficava de frente pra mim, e da mina eu só via a parte de trás do cabelo, preto, encaracolado. Ainda estava molhado, e parecia que ela recém tinha saído do banho.

Era tão perto que eu conseguia sentir o cheiro do creme que ela usava no cabelo.

Era o cheiro ruim de creme barato para cabelo ruim, aquele com cheiro enjoativo, sabe? Pois é. Mas fiquei ali, detonando meu pulmão: cigarro, pó de cimento da obra, poluição do Rio e a química do cabelo dela.

Quando passava a reprise dos gols do primeiro tempo, eu vi que ela vibrou, como se o gol tivesse acontecido naquela hora. Ela era dessas. Burra demais, coitada. Mas era bonita!

Quando ela se deu conta de que tinha comemorado a reprise, olhou para trás, pela janela, para saber se alguém tinha visto o vexame. Eu tinha, e não consegui evitar o sorriso. Aparentemente um sorriso. Por dentro eu estava gargalhando. Ela retribuiu o sorriso e eu disse:

- Acontece!rs

Ela fez uma expressão de "comigo acontece tudo". E devia acontecer, mesmo. Perguntei:

- Onde você morava?

Foi então que ela disse o nome da área.

- Longe da minha casa - eu respondi.

Pode parecer que a gente estava, como pobres, gritando pela janela, mas não, a gente falava usando um tom de voz normal. E um ouvia o outro perfeitamente. Estou falando, os blocos era MUITO juntos. Mas, melhores do que a favela.

Daí a gente conversou um pouco. Bastante, na verdade. O jogo começou e eu continuei assistindo pela TV dela, enquanto ela estava ajoelhada no sofá, de costas para a TV e de frente para mim.

Eu perguntei se ela não queria descer, para a gente conversar melhor. Ela disse que daquele jeito estava bom. Foi minha primeira lata [N.T.: recusa amorosa]. Tomei várias dela.

No fim do jogo ela recebeu um telefonema e paramos de conversar. Ela se arrumou, saiu e eu fiquei em casa.

Na segunda-feira (o dia seguinte) quando cheguei em casa, passei pela janela e ela estava vendo TV. Chamei e convidei para descer. A gente conversou durante um bom tempo. Apesar de burra, ela era engraçada, então valia a pena o tempo perdido.

Tarde da noite, quando nos despedimos, nos beijamos pela primeira vez, na porta do apartamento dela. Só um beijo e "boa noite".

Quando eu ia saindo ela perguntou:

- Que horas você sai de casa para trabalhar? Dá tempo de você passar aqui amanhã para me dizer bom dia?

- Me chama que eu venho.

Terça-feira a mãe dela saía de manhã para fazer faxina, e ela me chamou pela janela. Cheguei lá e ela estava vestia uma blusa/quase-vestido e calcinha. Me levou até o quarto dela e trancou a porta. Começamos a nos beijar.

Ela foi bem objetiva. Sabia o que queria e sabia como fazer.

- continua - ou não -


Comente. Não custa nada e vale muito.

Sm@ck!

E ela era linda, mesmo. Tinha cabelos pretos, que iam até algum lugar entre o ombro e a cintura. O rosto, lisinho, todo combinando, e a boca...

Era aquilo que Paulinho mais queria. A boca de Luciana...

Aquela fantasia começou quando ele estava subindo pelas escadas
e ia chegando no andar onde ela morava Luciana,
e ouviu barulho de beijos.

Parou, poucos degraus antes de chegar no andar dela e escutou.
Eram beijos de despedida. Longos.
Ele ouviu uma voz:
- Tchau.
E a resposta:
- T.chau.
A porta fechou.
Os passos chegaram mais perto da escada
mas pararam na porta do elevador.
Silêncio, mas provavelmente o botão tinha sido apertado.
Silêncio.

Quando o elevador chegou, Paulinho ouviu a voz de mulher dizer:
- Puta que pariu, que beijo gostoso!

E a porta do elevador se fechou.

sábado, 26 de novembro de 2011

Fragmentos

CENÁRIO: Uma rua residencial de um bairro tranquilo da zona norte do Rio de Janeiro. Crianças brincando, vizinhos sentados conversando. Alguns homens bebem em pé no balcão de um bar ou na janela de uma casa; difícil definir. Uma casa toca samba e faz churrasco.

Na casa do lado, um casal discute. A briga já dura algumas horas. Ninguém dá muita atenção. Só quando algum trecho da discussão é mais interessante, como:

ELE - Todo mundo já sabe que você tá dando pr'aquele seu coleguinha que te trouxe pra casa aquele dia. Eu não sei por que ainda não enfiei a mão nessa sua cara, sua piranha.

ELA - Você não mete porque não tem culhão pra isso, seu filho da puta!

Então a vizinhança gritava "corno" e "broxa". O pessoal que dizia 'corno' marcava o tempo e o pessoal que dizia 'broxa' marcava o contratempo, no ritmo da música que tocava no churrasco. Fora isso, ninguém prestava atenção. Cagavam e andavam.

Outro momento de interesse foi quando, de repente, os vizinhos tiveram um susto com uma massa preta voando de dentro da casa e se espatifando na calçada. Preocupadas, curiosas e tentando se proteger d'algum novo disparo, algumas crianças foram ver o que tinha sido jogado. E de lá gritaram:

- É um celular!

Uma, mais nerdzinha, detalhou:

- Um chinês de quatro chips!

E de dentro da casa:

ELA - O quê você fez?

ELE - Joguei aquela porra fora. Se alguém quiser, que ligue aqui pra casa. E a partir de hoje, só eu atendo telefone aqui.

ELA - Você fez o quê?

ELE (gritando) - Joguei aquela merda de celular fora, sua velha surda! Entendeu agora? Quer quatro chips pra quê? Pra falar com todo mundo e poder dar pra mais gente?

Um barulho no quintal da casa. Os dois vão olhar, e algum vizinho tinha jogado o celular de volta para a casa. Com os muros altos, não dava para ver quem tinha sido. Ela pegou o celular, foi até o portão.

ELA (gritando) - Quem fez esta porra?

Ninguém respondeu nada. Quando ela tentou voltar para casa, o portão tinha sido fechado. Do lado de dentro, ele ria:

ELE (gritando) - Pula o muro pra entrar, sua vagabunda! Já sabe pular a cerca, agora pula o muro, vadia, piranha! Se não eu vou queimar todas as suas roupas!

ELA (gritando) - Eu vou chamar a polícia!

Ela foi até a vizinha do lado e pediu para usar o telefone.

- continua -

Dedicado

Como fica linda a cor da sua blusa, com o sol iluminando assim, oblíquo, meio de banda...

Bonito isso, não? Ensaiei a tarde toda para falar pra você.

É, eu preciso ensaiar muito para não ficar abestalhado quando estiver na sua frente, ocupando seu tempo. Quase uma audiência com a rainha! rs

E você é uma pessoa tão simples... A simplicidade em contraste com uma elegância que... Vem de dentro, percebe? Não importa sua roupa, o ambiente, o interlocutor... Você se comporta sempre como uma princesa.

Sim, uma princesa. Não falo de conto de fadas. Falo de realidade, realeza.

Linhagem real... Tão chique, tão elegante... Tão BONITA!

É isso. Linda, mesmo. Um belo modelo de princesa. E educada, delicada.. Sim, rasgo seda, amarradão, pra você.

A propósito, respondendo sua pergunta, entre estudos e bebedeiras, meu FDS foi ótimo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Primata

Quando almoço, em frente ao PC, com o prato na mão, pareço um de meus ancestrais muuuito velhos. Aqueles da época das cavernas.

O piercing na língua, que pareceria um inquestionável símbolo de contemporaneidade (só nós, de hoje, conseguimos ser tão idiotas), representa uma pequena lasca de osso de zebra que ficou preso no dente.

A tela é como a parede da caverna. Enquanto mastigo, vejo as pinturas, mostrando nossa história.

Depois do prato, um copo de água, a revolução química e um grande brado: vitória sobre a presa.

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Airton S. B. Jr.
Env. via Nokia E-mail

sábado, 19 de novembro de 2011

Fera Ferida

Gente, vocês não conseguirão acreditar: um cara chutou um gato!

Peço desculpa a quem tiver se sentido muito chocado, passado mal ou desmaiado diante deste absurdo.

Mas isso aconteceu. Virou até tema de discussão na WEB. No Orkut, que é um lugar meio caído, é verdade, mas isso aconteceu.

É que um gato filhote estava na cantina do Instituto de Educação (IERJ). Conheço bem aquela cantina (não a parte de dentro), consigo imaginar bem um gato ali, por ali, passeando, se banhando sob o sol da manhã, que ilumina obliquamente o corredor em frente à cantina. Por ali passeia o gato.

Na cantina, deliciosos salgados estão à mostra, tentando os alunos... E tentando também os gatos, por que não?

Com o inocente intuito de dar à sua tentação um gostinho maior, ou um cheirinho, ou um calorzinho do salgado, o gato entrou na cantina. Foi a pior coisa que ele fez naquele dia.

Maior do que ele, muito maior, vinha um homem. Muito bolado com a vida, ou muito feliz, querendo aparecer, chutou o gato. Brincou de futebol, como diz o denunciante, né? Pois sim... "Lá vai Cantineiro, cobrar a falta, correu, chutou... Errou! Pra fora!".

Foi isso. Cantineiro errou o pé. Chutou forte demais. Isolou ("Bandeirantes, o canal do esporte", ou mais moderno, "Globo e você, tudo a ver"). O gato, frágil, levou a pior. Seu corpo punha sangue para fora. A cena ficava cada vez mais tétrica. O gato contorcia o próprio corpo, sofrendo sua hemorragia interna. Que dó! Os olhos, baixos; o pêlo, eriçado. "Tá todo arrepiado, o coitadinho", diz uma. "É, tá tendo calafrios de dor", diz outra. Não sei, mas por este papo pareciam ser especialistas em comportamento felino.

Então, o bicho ficou lá, no quase-morte, naquele limbo gostoso ("a dor, no fundo, esconde uma pontinha de prazer" / "Quando ela se corta ela se esquece"), até que alguém levou o gato pra outro lugar, ele foi tratado e, enquanto você lê isso, ele está em casa, sentado no sofá comendo Whiskas sabor carne.

E crianças continuam passando fome nas ruas.

E os políticos continuam roubando. > a política é uma grande sacanagem, né? A gente TEM que sair de casa para ir votar, fila, e tal. Daí a gente elege um cara qualquer, para ocupar um cargo qualquer, e o cara rouba, e rouba, e rouba... Sacanagem, né? E se todo mundo votar nulo? Será que não acontece alguma coisa, assim, de repente um passo a mais pr'uma reforma política... Ah, que se foda tudo.

Voltando, o gato tá lá, 'numa nice', e crianças estão com fome. Ah, e os políticos roubando... E um milhão de coisas mais importantes do que o gato. Não?

DENUNCIANTE: Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Tijuca, Rio de Janeiro), aconteceram coisas bem desagradáveis. Em um dado momento, um ser humano (que não deve honrar nem as cuecas que veste), se revoltou porque um gato FILHOTE estava na cantina e, então, resolveu brincar de futebol com ele. O gato inocente, indefeso e desavisado (N.T.: ninguém foi dar uma idéia nele: "sai daí que lá vem o Roberto Dinamite!"), recebeu o chute e na mesma hora caiu, ficou ensangüentado e cheio de dor no meio da cantina. Logo em seguida, uns alunos resolveram ajudar o gatinho e levaram o pobre felino para a Coordenação. O gato já recebeu cuidados e foi adotado por uma professora de Biologia do colégio. O Mostro ainda esta ameaçando as pessoas que estão fazendo a divulgação dessa barbaridade (ele trabalha na cantina). Ate o momento o colégio não tomou nenhuma providencia.

ANÔNIMO 1: Mas qual o nome do vagabundo pra tds poderem denunciar? Precisamos de nomes!!! Infelizmente a justiça nesse país é cega para os q precisam! Um pilantra desses tem q ser mandado pra cadeia JÁ. Canalha, covarde...

ANÔNIMO 2: A direção do Instituto se pronunciou:

Informamos que as diretorias do ISERJ e da FAETEC reprovam qualquer tipo de violência praticada contra o ser humano, a natureza e seus integrantes. Neste sentido, as referidas diretorias manifestam repúdio aos maus tratos sofridos por um gato no interior da cantina do Campus – ISERJ, em 18/10/2011 e socializam as providências tomadas.

(1) Assistência, através do SOE, ao aluno do CAp-ISERJ, que vivenciou os maus tratos contra o animal; [ LEIA-SE: alguém da Orientação Educacional foi lá, perguntou pra criança: 'tudo bem?'. A criança respondeu 'tudo', e pronto. Trabalho completo. ]

(2) Acolhimento do animal até os primeiros atendimentos clínicos; [ tem ser humano que MORRE numa fila tentando conseguir este tal atendimento clínico... que gato sortudo... ]

(3) Transporte do animal à Clínica Veterinária por um Professor do CAp-ISERJ; [ podiam ter chamado um helicóptero para fazer a remoção da vítima... ]

(4) Adoção do animal por uma Supervisora do CAp-ISERJ; [ tudo bem, aqui eu admito inveja do gato! ]

(5) Convocação e advertência verbal ao empregado da cantina pelo Diretor do CAp-ISERJ; [chamaram o cara na CHinCHa! (pequena rede de arrastar) ]

(6) Convocação do locatário da cantina pela Direção Geral do ISERJ para as devidas providências junto ao seu corpo de funcionários e, ainda, manifestação de desagravo junto ao corpo discente do ISERJ; [ porra, chamaram também o dono da cantina? Para demitir o funcionário... Se ia mandar demitir, qual o objetivo de chamar na chincha? Para concluir, uma cartinha "o IERJ está triste com o gatinho agredido blablabla" ]

(7) Encaminhamento da CI 354/11 à DAD/FAETEC para ciência e outras providências. [ papel, papel, burocracia... ]

Sandra Santos (Direção Geral ISERJ)

Fonte: Orkut


Perdoem erros de digitação. São 3 da manhã.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Parabéns

Na Psicologia aprende-se a recompensar os bons comportamentos para que eles re-aconteçam.

Então eu quero te dizer: Parabéns.

Agora a ficha caiu, do que aconteceu, e tal. Só me dei conta disso agora, me perguntando o que eu senti por você.

Cheguei no ponto lindo de pensar em você e sentir aquele doce farfalhar no estômago.

Lembrava das nossas conversas e sentia saudades. Lembrava do seu beijo e queria mais, o tempo inteiro.

Olhava você, ou uma foto, ou um vídeo, e meu corpo reagia.

Chegava perto e minhas mãos suavam, eu gaguejava, mas ficava bastante feliz.

Não quero isso para mim agora. Não estou pronto pra isso. E estava mexendo com forças que não consigo controlar.

Gostei de você. Talvez isso tenha sido inocente, inapropriado e contraproducente (adoro esta palavra!), mas... Foi. Verdade, mas passado. Uma verdade deliciosa, mas  acabou.

Obrigado por nos poupar. Boa sorte. Adeus.

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Airton S. B. Jr.
Env. via Nokia E-mail

Dor

É difícil, às vezes, se entender.
Mas quando acontece, tudo fica mais fácil.
Eu gosto de sofrer a dor.
Faço parecer para mim que PRECISO sofrer para esquecer e continuar a vida.
Como falei,
aqui inclusive,
que sou mesmo do tipo romantico.
Aquele romantico depressivo.
E é a velha história, "me apaixono e re-descubro qualidades em mim".
Tipo umas características,
intelectuais, principalmente,
muito interessantes.
Que são como emissão Bluetooth não-captadas.
Nem todos os aparelhos têm Bluetooth.
Nem todos os que têm estão ligados.
E isso me dá uma tristeza grande.
Mas eu sofro e passa.

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Airton S. B. Jr.
Env. via Nokia E-mail

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Egocentrismo ou Exibicionismo? IDiota.

Ela acordou e disse: hoje vai ser um dia DAQUELES.

Tomou banho, vestiu o uniforme e foi para o trabalho.

No caminho, tudo parecia normal. Exceto pela sensação muito pessoal que ela trazia dentro de si.

Esta sensação, esta camada de poeira era relevante. A ansiedade e a tensão eram como pó ácido pairando sobre seus nervos. E seus neurônios. A corrosão acontecia o tempo todo.

Cada dia, todo dia, o dia todo, sem parar, corroía. Como um sábado e um domingo de chuva, sabe, bem chato? Só que nela era chuva ácida, todos os dias da semana, sem folga, férias ou feriado.

Mas, estava ela indo trabalhar. No ônibus, ali, tudo tão normal quanto podia ser.

De repente, um ponto antes de onde costumava descer, ela percebeu que o tráfego estava mais lento. Olhou pela janela e viu AQUELA fila de gente: "é, fudeu".

Mas, vamos que vamos. Ela já desce por ali, com o ônibus parado no engarrafamento. Se encosta na parede, fugindo das outras pessoas que passam apressadas. Respira fundo, pega um cigarro na bolsa, procura o isqueiro, acende o cigarro e apressa seu processo de morte.

E vai andando e fumando. Como um boi indo para o abate.

Como ia fumando, podemos dizer que vai andando como um Dragão-de-Komodo

E vai vendo a fila, e respirando, bufando, baforando.


A história terminava aqui. A continuação é:

Chegou no seu trabalho e começou a repetição:

"Empresa X, Fulana, bom dia. Qual é o seu nome, por favor?"

Durante as seis horas aquele headset pesava muito. De tanto, a cabeça doía no fim do dia.

Saía do prédio onde trabalhava e ia andando para o ponto de ônibus, cabisbaixa, quando sentiu um alívio súbito!

Sua cabeça parou de doer. A bolsa não pesava no ombro. A calça não estava apertada, assim como os sapatos. Ela se sentiu... Leve.

Era uma pluma, apenas, sendo carregada pela brisa calma...

E o vento levou... Esta pluma até a porta de um bar. Que vento matreiro! Ela entrou no bar e pediu uma cerveja. Precisava beber algum líquido para tomar seu comprimido de aspirina. Cerveja não era a melhor opção, mas... Viver não era a melhor opção, e ela já estava nela, então vamos descaralhar tudo.

A Brahma veio geladíssima, perfeita para aquele calor. Do seu lado, no balcão, encostou um rapaz pedindo um maço de cigarros. Ela, que não tinha nada para olhar, olhou para ele, que era até bonitinho. Ele, que estranhou uma mulher jovem encostada no balcão de um bar bebendo sozinha, e ele olhou para ela. E seus olhares se cruzaram. Não como num filme. Como na vida real, no cotidiano, mesmo.

Seus olhos se encontraram e... Ambos ficaram desconcertados. Ela olhou para baixo, de repente muito interessada nos salgados que estavam no balcão. Ele também olhou para baixo, bem interessado nos joelhos e nas coxinhas., e ele olhou para a frente, de repente confuso sobre qual cigarro fumava todos os dias. Ele conseguiu lembrar, fez a troca dinheiro-produto e ela já olhava fingidamente distraída para a rua.

Ele saiu do bar e sabia que estava no campo de visão dela. Sabia que ela estava olhando para sua bunda, numa inversão de papéis.

Ele demorou e fez charme para acender o cigarro. Tragou fundo (o equivalente a 'respirou fundo', para um fumante), criou coragem e foi falar com ela:

- Oi, eu... posso te acompanhar nesta cerveja e a gente divide a conta? É que beber sozinho pode ser meio chato... E eu também...

- Tá, tudo bem, essa tá paga, já. Beber sozinha é chato mesmo!

- Obrigado. Você trabalha aqui na Contax, né?

- Como...

- Não, não, não fica assustada! É só que você esqueceu de tirar o crachá!

- Ah [risos], isso, claro! Puxa, eu levei um susto, agora!

- Não, moça, calma... Eu só quero ser e fazer companhia para esta cerveja!

- Sim, desculpa, mas hoje em dia...

- Tudo bem. Eu li no seu crachá que seu nome é Natalia...

- [risos] Isso mesmo. E o seu?

- Airton. Eu trabalho aqui perto, também. E também acho que uma cerveja é uma ótima bebida para o fim de um dia de trabalho. De vez em quando você faz isso?

- Não, não, é a minha primeira vez. Ai, você vai pensar que eu sou uma alcoólatra... Mas quase nem bebo cerveja. E agora há pouco eu tive uma sensação estranha quando saí do trabalho... Me senti tão bem, tão leve, que vim andando meio sem rumo, e quando vi, tava aqui, na porta do bar, meio perdida... Aí eu pedi uma cerveja e logo depois você apareceu.

- Ora, o que eu vou pensar... Repete comigo: "foda-se o que você pensa"

- ...

- Pode dizer, com vontade, "foda-se o que você pensa"

- "foda-se o que você pensa"

- A única coisa que me interessa...

- A única coisa que me interessa...

- É saber que você me achou linda.

- (risos) Não, eu não vou dizer isso!

- Não precisa dizer. O importante é que você saiba!

- Poxa, você acabou de chegar e já tá me cantando?

- (risos) Ih, foi mal. Quanto tempo eu deveria esperar?

- Quem espera muito, deixa passar.

Pá, peguei.


Idiota = Pretensioso, afetado.

Segredo

Eu sempre digo pras pessoas que sou como um livro aberto. Acho que sou, sim, viu?

Mas todo mundo tem seus segredos. Certos segredos, até, BEM sujos. Mas quem vai julgar isso?

E eu estou falando de um segredo que não é nada sujo. ESTE, não. Lembrei dele ontem, numa conversa super normal. Para vocês verem como é um segredo até comum.

Segredos existem para que publiquemos. A mesma história: nós, as regras e nosso desejo de transgredi-las.

Contei, assim, como quem conta uma nota de rodapé, e depois disse que era segredo.

Ora, bolas, pitombas e carambolas: segredo é uma coisa QUE NÃO DEVE SER DITA. Se você acabou de dizer, NÃO MAIS É SEGREDO! Então não posso então contar nada para vocês. Vai continuar sendo segredo.

Pequena História

Uma vez eu conheci um cara muito legal. Paulinho era o apelido dele. Era um cara muito popular na faculdade. Estava sempre no bar, sempre na cabeceira da mesa.

Falava um pouco alto e gesticulava muito, mas não precisava disso. Todo mundo dava atenção suficiente ao que ele falava. Tinha idéias muito boas sobre os mais diversos assuntos. Música, livros, filmes, política, sociologia, história, filosofia…

A gente gostava de ouvir ele falar. Sonhava que estava tendo o prazer de conversar com um Robespierre, um Steve Jobs, um Renato Russo ainda na faculdade. Eu, especialmente, gostava muito de ouvir ele falar. E nunca escondi isso dele.

Eu gostava dele, sim. Gostava de discutir as idéias dele, sim. Mas gostava mais ainda de estar perto da Marina, sua namorada. Eu ficava ‘segurando vela’, mas era um preço justo a pagar. A recompensa era boa.

Marina era uma mulher linda, gostosa e inteligente. Quando estávamos num grupo grande, Paulinho falava, falava, e o pessoal ouvia, ouvia. E Marina ficava em segundo plano. Então ela vinha para perto de mim, às vezes passava o braço por cima dos meus ombros e se encostava. Muitas vezes ficávamos, à moda antiga, de braços dados, como namorados, ouvindo Paulinho falar.

Quando eu estava sozinho e revivia todos os momentos que tinha passado perto dela, me sentia um idiota por estar pensando em uma mulher que tem dono. E no meio da discussão comigo, me lembrava que alguns toques entre nós não eram tão casuais.

Já nos encostamos com segundas intenções algumas vezes. No ônibus, na casa dele, em volta de alguma mesa de bar… Ainda lembro da primeira vez. Ela vestia uma bermuda branca que me impressionou. Não era curto, não era muito apertado, mas ela estava maravilhosa com aquela bermuda. Andávamos os três pela calçada e eu tentava ficar um passo atrás, para ver melhor. Fiquei a tarde inteira olhando para ela. Paulinho não percebeu. Não tinha tempo para isso, de tanto que conversava.

Quando eu fui ao banheiro, precisei passar atrás dela. Perfeito! Cheguei bem perto, encostei meu quadril no dela, coloquei minhas mãos na sua cintura, puxei um pouco e disse, no seu ouvido:

- Dá licença, meu bem?

Ela demorou um pouco, também gostando daquele contato, e eu aproveitei para dar uma cafungada de respeito, mas discreta, no pescoço dela. Ela estava mais cheirosa do que quando chegou. Agora, além do shampoo importado, tinha também suor, que é um ingrediente muito importante! O suor da minha musa!

Ela deu uma tremidinha com o carinho, forçou seu quadril para trás e finalmente chegou para a frente, para eu passar.

No caminho para o banheiro, olhei para nosso grupo e pensei: ele, o rei. Ela, a rainha louca. Eu, o bobo da corte.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Twitter

Frases do Twitter

Sexo, drogas e rock'n'roll

(às vezes a gente não tem noção do quanto pode ser importante falar para alguém aquilo que a gente sente. )

Chorei novamente revendo a final Brasil x Itália na Copa do Mundo de 1994. Galvão Bueno, digam o que disserem dele, cumpriu bem seu papel naquela transmissão.
Tue Mar 15 2011, 13:01:00


Drogas


Vamos pensar: o quê aconteceria se legalizássemos a maconha? Do filme American Drug Wa... http://t.co/kPcYDiW via @youtube
Wed Sep 08 2010 23:24:00


O hábito do vício faz você parecer viciado até no que não é.
Thu Sep 02 2010 00:37:49


Com tantas UPPs no Rio, tá na hora de descriminalizar a maconha.
Tue Aug 10 2010 22:56:27


Acabo de completar "que droga você seria?" e meu resultado foi: álcool! Experimente: http://bit.ly/cJo31X
11:25 PM Jul 13th, 2010 via Fun140


Literatura


Já li este livro umas quatro vezes. Maravilhoso! http://scr.bi/boedje #readcast
Mon Aug 30 2010 15:50:10


Não se pode recuar diante da oportunidade de participar da construção de um raciocínio. (Jostein Gaarder)
Wed Jul 28 2010 22:02:34


"Sob quais regras se organizam estas letras?" Esta é a grande questão da Literatura.
Fri Sep 17 2010 12:42:45


Política


Se a gente analisar pelo salário dos políticos, vai achar que o Brasil é um país de gente rica.
Mon Jan 10 2011 20:16:40 via web


Os verdadeiros ladrões no Brasil têm a pele branca e não falam gíria. #racismo
Thu Nov 18 2010 11:55:10 via web


Escrito em alguma parede: "Pixar é crime. Corrupção é arte."
Thu Oct 28 2010 21:03:09 via web


não precisamos falar mal do governo, a cagada está tamanha que a mídia se encarrega disso http://tinyurl.com/22rsdrm
Thu Oct 21 2010 00:59:16 via web


@casadocaralho Mtos brasileiros são analfabetos funcionais. Não sabem ler + sabem perfeitamente apertar o 13 na urna e foder o país inteiro.
Wed Sep 08 2010 22:23:38


Música


Esta música sempre me emociona: JOAN BAEZ "Sweet Sir Galahad" - Woodstock69 http://t.co/uOanm1I via @youtube
Thu Nov 04 2010 03:16:27 via Tweet Button


"Ai, que saudades que eu tenho dos meus doze anos; Que saudade ingrata" (Chico Buarque)
Tue Oct 05 2010 14:51:24


Isto é música de verdade: Zimbo Trio e Fabiana Cozza - O samba é meu dom http://t.co/y7vSGKt via @youtube
Sat Aug 28 2010 22:24:15


Lembranças de muito tempo atrás... Aerosmith - Angel http://t.co/42LGrTU via @youtube
Wed Aug 25 2010 11:12:57


Não perca este vídeo: MPB4 - Amigo É Pra Essas Coisas http://t.co/yAJNhxl via @youtube
Fri Aug 20 2010 02:19:52


"página infeliz da nossa história"
Chico Buarque - Vai Passar (Ditadura militar) http://t.co/maZ9Dz8 via @youtube
Wed Aug 18 2010 01:28:12


Isto é demais para mim!
Caetano Veloso - Haiti http://t.co/Mgdf2gj via @youtube
Tue Aug 17 2010 04:27:00


Lindo!!!!
Caetano Veloso - Itapuã - Heineken Concerts - Rio de Janeiro - 1995 http://t.co/XZXB1U8 via @youtube
Tue Aug 17 2010 04:09:26


Marcelo D2, com esta queda pro samba, tenta ser aceito pela sociedade. E tá conseguindo. Achei que um odiasse o outro.
12:52 PM Jul 9th, 2010 via web


Filosofia e Variedades


Deus, o paraíso não é tão bom? Então por que não me deixas ir logo para lá?
Tue Nov 30 2010 12:44:58 via web


#duvido: Desafio qualquer pessoa a dizer que houve uma única vez na vida em que eu tenha feito alguma coisa realmente útil.
Thu Nov 25 2010 12:44:54 via web

@FALA_QTESCUTO: + 1 bom programa. Mas pelo horário, podia ser + explícito. Parece q estão falando para crianças, q N estao acordadas agora.
Fri Oct 22 2010 01:53:56 via web in reply to FALA_QTESCUTO


Me perdoando por todas as besteiras que já disse. E foram muitas!
Thu Oct 14 2010 01:34:56


Faça o teste Qual é a cor do seu cérebro? http://bit.ly/cor_cerebro. O meu é verde, pessoa lógica que valoriza sabedoria e independência.
Mon Sep 20 2010 10:31:41


"Dentro de um infinito particular, quão cinzento pode ser um dia de sol?" (Danirene)


Irene diz: O amor idiotiza as pessoas. E eu concordo com ela.
Thu Aug 26 2010 21:34:34


se vou admitir um defeito, uma merda, tenho que jogar no ventilador pra cair em todo mundo
Wed Aug 25 2010 23:15:36


Reading Ilana Casoy - Serial Killer - Louco ou Cruel (pdf)(rev) on Scribd http://scr.bi/aa5sIi #readcast
Fri Aug 20 2010 14:18:27


Perguntar é tentadoramente mais fácil do que pensar.
Tue Aug 10 2010 22:54:01


A física existe para fazer sofrer aqueles que não entendem suas leis.
Sun Aug 08 2010 10:02:23


Gente, existe uma burrice que impera, há muito, no povo brasileiro. #MeMySelfAndIrene
Fri Aug 06 2010 02:40:10


As pessoas deixam de ser inteligentes quando deixam de ser curiosas. (Bolquett)
4:10 AM Jul 23rd, 2010 via web


Se você não está preparado para o pior, não está preparado para a vida.
10:18 AM Jul 22nd, 2010 via web


Falsidade é como pimenta. Ruim, mas um bom tempero se usado com moderação.
9:28 PM Jul 13th, 2010 via web


a imprensa está tendo orgasmos múltiplos com este caso da namorada do Bruno
1:24 PM Jul 7th, 2010 via web

Dear John

"O que você faria com uma carta que muda tudo?"

Não lembrava, mas vi esse filme. Chorei.

É curioso como certos filmes e músicas retratam exatamente certas situações que vivemos. Ou sentimento que temos.

Esta idéia da carta foi parte integrante e indissolúvel de Mim durante alguns anos. Bons anos, até, mas que tinham a trilha "não estou bem certo se ainda vou sorrir sem um travo de amargura".

Algum dia vou me libertar disso. Saber exatamente o que fazer com uma carta que mudasse tudo.

Alguém sabe o que fazer?

domingo, 30 de outubro de 2011

2011-10-30

Como eu já disse em alguma alguma postagem anterior, este blog é também um meio de comunicação. E é pessoal. Então eu falo de mim.

Não quero envolvimento sentimental com ninguém.

Se (como eu estou fazendo agora) alguém me perguntar por que escrevi isso, a resposta é 'para lembrar'.

Para me lembrar lembrar quais são meus acordos comigo.

E para informar, também. Todo mundo sabe que regra é feita para ser quebrada. E de vez em quando aparece uma ou um (eu) querendo cometer crime. Mas esta regra exige respeito.

Então, escrevo aqui e fica dito e lembrado. Documentado. Constando dos autos, como gosto de dizer.


Pouca coisa a dizer, frases curtas, raciocínio objetivo. Isso me lembra uma coisa que li dia destes:

FRASES CURTAS E CHUVAS DE VERÃO.

É um texto que publiquei (abril de 2010), esqueci, descobri (12 meses depois), re-esqueci e re-descobri (19 meses depois). Um ano depois de ter publicado, comentei "Ora, não é que é bom, mesmo? Nem lembrava!". Agora, um ano e sete meses depois, posso repetir o mesmo comentário. Este texto entrou para minha lista de melhores, sem dúvida.

P.s.: preciso fazer esta lista de melhores.


Gente, de verdade, obrigado pela atenção.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Teste

Por que eu sempre acho que papéis são cheirosos? Não fico cheirando, mas gosto de sentir o cheiro. É a diferença entre comer e saborear.

Mesmo que o papel não tenha sido perfumado, ele me parece cheiroso. Talvez seja só porque eu não estou acostumado com papel e seu cheiro. Ou talvez ele seja perfumado, mesmo. Perfumado pelas palavras escritas, talvez.

Um papel, escrito, é um coracao exposto. São sentimentos e pensamentos mostrados, escancarados ao leitor.

Palavras, ditas, o vento leva. Como a fumaça do cigarro. Palavras escritas, assinadas, ficam, como queimadura.

Por isso, pela exposicão e pela perpetuidade (não achei palavra melhor), cuidado com o que se escreve. Pode ficar marcado.

Por outro lado, quando quiser falar, nao hesite. Diga, escreva, grite, tatue. Quem recebe pode gostar muito. Talvez não saiba valorizar. Talvez não na hora. Talvez nunca. Mas minha experiência sugere que mais vale dizer do que calar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

1

Faz tempo que não escrevo nada, né?
Não tive vontade.
Também estou com a cabeça cheia demais (para usar uma expressão popular) para pensar nisso.
Idiota, sim, porque quando comecei a escrever, isto era uma forma de terapia.
E um pouco de exibicionismo, também.
E o blog era um lugar onde eu gostava de escrever as coisas que eu penso.
Mas parei de pensar, também.
Não, nem tanto, mas...
Bom, cabeça cheia, espero que esteja claro.

Agradeço às poucas pessoas que perguntaram sobre eu ter sumido do blog. Naqueles momentos não consegui perceber, mas agora peço desculpas por ter respondido de um jeito grosso (como provavelmente fiz). É o meu comum. Talvez tenha sido até um pouco mais estúpido, porque este é um assunto que mexe bastante comigo. Obrigado. Desculpem.

Desde que o blog deixou de ser puramente terapia,
(quando comecei a contar para as pessoas que eu tinha um blog)
ele se tornou um meio de comunicação em massa.
Foi daí que veio a expressão "de mim para o mundo" que está na descrição do blog.

Teve uma época em que as postagens eram 'dedicadas', abertamente.
Foram as épocas do Grande Garoto, um dos personagens que desempenho.
Sim, porque eu sou um ator encenando uma peça que minha imaginação concebeu.
Um péssimo ator que gosta de ver atores habilidosos. E não chega a ser exigente. É iludido pelos efeitos mais básicos. Não teve uma educação artística crítica. Só informativa. Pelo menos essa (obrigado, mãe, pai).

Dia desses lembrei deu ma época estranha... Foi a adolescência. Época terrível. Um dos efeitos é que tenho sido mais condescendente com meu irmão, 15 anos.
Foi a época em que eu percebi que poucas pessoas entendiam o que eu falava.
Aí comecei a escrever.

E agora, depois de tanto tempo, tenho muitas coisa pra falar.
Estava sentindo falta de me abrir.
De dizer que não faz muito sentido fazer tantos planos.
Coisas acontecem.
Coisas boas e ruins, mais ou menos na mesma proporção, para cada um.
Às vezes em épocas.
Tempos bons e tempos ruins.
Sorte no jogo, azar no amor, estas coisas.

Saudade de citar os caras que eu gosto de ouvir:
"Eu só estranhava quando te via nua
e preferia de vestido bordô"
Oswaldo Montenegro

Saudade de dizer coisas como:
Estar solteiro é bom.
Na boa. Adoro conchinha, e estas coisas. Até prefiro,
Mas estar solteiro é bom.

Não to falando de putaria, não. É o que menos faço. Gosto da liberdade de não precisar pensar muito nas coisas que vou fazer, falar, escrever.
Gosto de dizer "o dia em que a arte tiver regras eu volto a fazer hamburger no McDonald's, que é mais fácil" mas, mesmo sem querer, quando estou namorando não escrevo certas coisas.

[Nunca sei a grafia correta de hamburger (que em português se escreve hambúrguer), mas Google + Wikipedia ajudam, gente. Não é difícil. E é mais bonito.

Não, não estou indo contra minha própria Reforma Ortográfica (eu tenho uma, sabiam?), que prega a liberdade de grafia. Mas segundo uma lógica. Exemplo: se a palavra "lógica" é escrita com 'g', por que escrever com 'j'? CaSa, eXistir, conSCiência, faZer, bAcon, e outras.
Só para fechar o raciocínio, minha Reforma Ortográfica é simples. O caso das palavras compostas, por exemplo. Querem que umas sejam, outras não, né? Só pra complicar. Facilitemos: separa tudo que for composto. Super-mercado, se quiserem. Faz sentido. Eu, autor, dou meu toque pessoal: um charmoso hífen em palavras como re-encontro. Este tipo de hífen não tem a menor finalidade. Apenas estético e chato, como batom.

Enfim, poder dizer isto: não gosto de batom.
Sem uma namorada para dizer "você nunca reclamou, agora escreve"
(como se meu blogzinho querido tivesse uma imeeensa visibilidade!)
ou para dizer
"Eu não uso batom. Quem você andou beijando?"

Ninguém, recentemente, mas eu tenho memória.
Não muita, mas uma coisa tão ruim assim a gente não esquece.
Algumas pessoas a gente não esquece, também.

Mas precisa esquecer. Como gosto de dizer quando atraso alguma coisa, "antes tarde do que nunca".