domingo, 16 de dezembro de 2012

Uns dias fora

vou passar uns dias destas férias em uma cidade no interior de MG, onde não tem internet nem telefone.

até a volta, um recado:


"if you're thinking about my baby, it don't matter if you're black or white". Mas já que é preta, melhor ainda!

sábado, 24 de novembro de 2012

Filme Waking Life

Após não conseguir acordar de um sonho, um jovem passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário, com quem tem longas conversas sobre os vários estados da consciência humana e discussões filosóficas e religiosas." (Wikipédia)

Para quem prefere filmes dublados, ASSISTA/BAIXE AQUI

Uma fala do filme:

"A criação vem da imperfeição. Parece ter vindo de um anseio e de uma frustração. É daí, eu acho, que veio a linguagem.
Veio do nosso desejo de transcender o nosso isolamento e de estabelecer ligações uns com os outros.
Devia ser fácil quando era uma questão de mera sobrevivência:
"Água". Criamos um som para isso.
"Tigre atrás de você!". Criamos um som para isso.
Mas fica realmente interessante, eu acho, quando usamos esse mesmo sistema de símbolos para comunicar tudo de abstrato e intangível que vivenciamos.
O que é "frustração"? Ou o que é "raiva" ou "amor"?
Quando eu digo "amor", o som sai da minha boca e atinge o ouvido de outra pessoa. Viaja através de um canal labiríntico em seu cérebro, através das memórias de amor ou de falta de amor.
O outro diz que compreende, mas como sei disso?
As palavras são inertes. São apenas símbolos. Estão mortas. Sabe?
Tanto da nossa experiência é intangível! Tanto do que percebemos é inexprimível. É indizível.
E ainda assim, quando nos comunicamos uns com os outros, e sentimos ter feito uma ligação, e termos sido compreendidos, acho que temos uma sensação quase como uma comunhão espiritual.
Essa sensação pode ser transitória, mas é para isso que vivemos."

Waking Life. 98 minutos de questionamentos. Novidades. A vanguarda. Assistam. O filme é assim, meio-filme meio-desenho, muito interessante:

Trailer:

Crítica Telecine:

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Travessuras - Oswaldo Montenegro

Eu insisto em cantar
Diferente do que ouvi
Seja como for recomeçar
Nada há, mais há de vir
Me disseram que sonhar
Era ingênuo, e daí?
Nossa geração não quer sonhar
Pois que sonhe a que há de vir
Eu preciso é te provar
Que ainda sou o mesmo menino
Que não dorme a planejar travessuras
E fez do som da tua risada um hino

(www.vagalume.com.br/oswaldo-montenegro/travessuras.html)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Medo-doido

Confessar, meu novo verbo; meu novo vício. Confesso desejos e medos. Desta vez, um medo:

Medo de ser maluco. Aquele tipo de maluco que [per]ambula nas esquinas falando sozinho, xingando suas próprias imaginações.

Foi assim que me senti agora, quando vi na rua um cara falando no telefone:

- Claro!

Imagino que do outro lado da linha alguém tivesse perguntado quaqleur coisa como:

- Será que..................?, ao que ele respondeu
- Claro!

Com quem ele estava falando? Sobre qual assunto? Não sei. Inventei um contexto e estiquei a resposta:

- Claro, porra! Que outra resposta eu poderia dar, além de 'claro'? Escuro? Porra, com uma pergunta idiota dessas você parece demente! Claro que sim!

Tudo isso eu falei em voz bem baixa, como um louco ainda contido. Fiz isso com algumas pessoas que vi pela rua. Vi, imaginei, xinguei.

Terminada a brincadeira, o que realmente me incomodou foi constatar que nenhuma daquelas pessoas tinha feito nada que me incomodasse.

Era a Minha imaginacao que estava me irritando! #medo

Confessar

Confessar, meu novo verbo; meu novo vício.
Confesso desejos e medos. Desta vez, um medo:
medo de ser maluco. Aquele tipo de maluco que perambula pelas esquinas falando sozinho, xingando monstros de sua própria imaginação. 



Foi assim que me senti agora, quando vi na rua um cara falando no telefone:

- Claro!, ele disse
Imagino que do outro lado da linha alguém tivesse perguntado qualquer coisa como:


- Será que posso............. ?  E ele respondeu
- Claro! 



Com quem ele estava falando? Sobre qual assunto? Não sei.
Inventei um contexto e estiquei a resposta:



- Claro, porra! Que outra resposta eu poderia dar, além de 'claro'? Escuro? Porra, com uma pergunta idiota dessas você parece demente! Claro que sim!

Tudo isso eu falei em voz bem baixa, como um louco ainda contido. Repeti este processo de imaginar as conversas telefônicas com todos que usavam telefone na rua. Vi, imaginei, xinguei...

Terminada a brincadeira, o que realmente me incomodou foi constatar que nenhuma daquelas pessoas tinha feito nada que me incomodasse.



Era a Minha imaginação que estava me irritando! Bem como acontece co os loucos na rua.

sábado, 21 de julho de 2012

F5

Muitas idéias têm re-aparecido frequentemente para mim. Algumas reais, até. Exemplo: as pessoas têm falado demais sobre o Facebook. Demais mesmo. O virtual está se incorporando ao real. F5, pessoal!

Não estou falando isso com um tom reacionário, ou cult: "precisamos falar mais sobre a realidade, ler um livro bla-bla-bla".

Meu tom é F5, atualização.

Muitos relacionamentos acontecem quase-exclusivamente no mundo virtual.

Se eu aceitasse ser um peão, eu diria que tenho ouvido "En passant". Como sou pretensioso, digo que tenho ouvido "de passagem pela caixa" muitas reclamações de homens, mulheres, adolescentes, adultos, namorados, noivos e casados:

- Porra, essa piranha 'curtiu' a foto do cara da outra rua...
- Safado, ele ainda fala com aquela piranha!!!
- Ahn, ela não postou a foto que a gente tirou junto. :(

Casos de traição, suposta traição ou excesso de atenção agora acontecem "pelo Face", não mais na balada, trabalho, escola ou vizinhança.


A propósito, as pessoas traem muito. Por que será que tantas pessoas estão se "desviando do padrão"?

Pense rapidamente em alguns temas polêmicos, como
fidelidade;
legislação sobre drogas;
celibato na igreja católica;
leis que regulam o comportamento sexual; e
preconceito que incide sobre os que não se enquadram.

"Tuas idéias não correspondem aos fatos"?
As idéias da sociedade correspondem aos fatos?
Por que tantas pessoas estão se "desviando do padrão"?
O mundo está todo borrado ou a lente está suja?

Mas hoje parece que não há tempo que possa ser usado pensando sobre o passado. O mundo está rápido demais.


MÁXIMAS

De um parágrafo perdido, salvei a frase "O prazer que eu sinto quando escrevo não pode ser falsificado". Gostei da frase mas não senti segurança para escrevê-la como uma máxima ou aforismo.

Recorri a frases de outros, tão simples e subjetivas quanto a minha.

Subjetivas... As frases, as poesias, a ficção, até os tratados, tudo é filho da subjetividade. A popularidade destas obras depende de os populares viverem ou pensarem aquela subjetividade.


FRASES SOBRE ESCREVER

"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as idéias." (Pablo Neruda)

"Escrever é a única profissão em que ninguém é considerado ridículo se não ganhar dinheiro." (Jules Renard)

"Os que escrevem com clareza têm leitores, os que escrevem de maneira obscura têm comentaristas." (Albert Camus)


P.s.:  F5  = atualizar/recarregar a página da WEB.

21/jul e 24/nov/2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Johnny 7 - "Marina, morena Marina..."

Aquele era um dos primeiros dias do ano letivo, e ainda não havia aulas, exatamente. Os professores ainda estavam se apresentando para as turmas e pediam para que cada aluno se apresentasse também. As cadeiras estavam arrumadas em círculo, para que todos pudessem ver todos.

Na cadeira ao lado da professora sentou-se uma menina. O que chamou a atenção de Johnny foi o elástico rosa que ela usava para prender o cabelo em rabo-de-cavalo. Enquanto a moda era o prendedor em forma de bico-de-pato, aquela menina usava um acessório diferente, original. Talvez tenha sido este detalhe simples que prendeu o olhar de Johnny. Ele analisava atentamente sua nova colega de turma enquanto os alunos se apresentavam.

Ela não era aquele tipo de mulher que chama a atenção de todos os homens quando passa na rua. Sua pele era muito branca e seu rosto arredondado. Um pouco redondo demais, e marcado de espinhas vermelhas. Os hormônios da adolescência estavam sendo cruéis com ela. "Já combinamos nisso!", Johnny pensou.

A blusa do uniforme dela menina estava com todos os botões fechados, o que indicava que ela não era uma das safadinhas da escola. Pelo menos não descaradamente. Em vez da tradicional e sensual mini-saia colegial, ela usava calça comprida, mas não colada, como as outras. A calça só marcava o quadril, que já era avantajado, deixando o resto do trabalho para a imaginação de Johnny, que começou a perceber que por baixo daquele uniforme comportado havia um corpo bem atraente!

Completando o conjunto, como 90% das alunas, ela calçava sapatilhas de boneca, e isso não ajudava Johnny a definir quem era aquela menina que tinha chamado tanto sua atenção. Enquanto ele pensava nisso, chegou a vez dela de se apresentar:

- Oi, eu sou Marina e tenho 15 anos, como a maioria aqui, né? E eu também sou nova na escola, igual todo mundo. E quando eu crescer eu quero ser pintora, igual minha mãe.

Enquanto os colegas riam da profissão que ela escolheu, Johnny olhou para as mãos dela. Pareciam mãos macias e delicadas, ideal para quem quer usá-las para criar arte. Ou fazer carinho. Este foi o gatilho para que sua imaginação voasse descontroladamente até imaginar uma cena com ele e ela sentados nas areias da praia, olhando o pôr-do-sol e fazendo carinho um no outro.

Os olhos de Johnny estavam na direção de Marina, mas ele não prestava atenção ao que os olhos viam. Estava concentrado na imagem que a mente criava, e às vezes direcionava a atenção para Marina, apenas para colher mais alguns detalhes para construir a história na sua imaginação.

Olhava para os lábios grossos da menina branca, e sonhava com beijos delicados e carinhosos enquanto andavam, talvez um beijo apaixonado no meio da faixa de pedestres, durante um sinal fechado. Será que ela gostaria desta mistura de exibição e adrenalina? Levantou o olhar e procurou a resposta nos olhos castanhos dela. E ela estava olhando para ele! Ele desviou o olhar e correu os olhos pela roda de colegas, para saber se alguém tinha percebido, e descobriu que absolutamente todos os alunos estavam olhando para ele. "Será que eu pensei alto e acabei falando alguma coisa?" Seu último olhar, já desesperado, foi para a professora, que também estava olhando para ele. A mestre percebeu que só agora tinha a atenção do aluno e repetiu o que tinha acabado de dizer:

- Então, meu querido, agora é a sua vez de falar. Está tudo bem com você?

Mais um momento de tensão, mas Johnny se lembrou do seu grande triunfo recente, quando decidiu enfrentar a situação em vez de tentar fugir. Respirou fundo e, mesmo sentindo todos os seus músculos se agitarem, e percebendo toda a sua tensão, respondeu:

- Desculpa, professora. Eu tava pensando no que a... Marina falou. Sobre ser pintora. Acabei de descobrir o quê quero ser quando crescer: quero ser modelo para a pintora Marina!

Alguns alunos assoviaram 'fiu-fiu', outros gargalharam, e quase todos, inclusive Johnny, sorriram. Marina foi a única que não sorriu; estava tímida e surpresa, com o rosto mais vermelho do que o normal. A professora olhava para Johnny e para Marina, procurando alguma explicação. Johnny piscou um olho para Marina e completou, para a professora:

- Não, não, tô brincando, mas eu acho artes plásticas muito legal. Queria ter talento para isso. Pintar, desenhar, esculpir... Ou beleza para ser modelo, mas... Acho que no fim das contas vou acabar sendo professor, mesmo.

Johnny sorriu, achando graça de sua própria resposta. Achava que tinha se saído bem. Realmente queria ser professor e em vez de simplesmente dizer isso, deu uma indireta para Alexandra. Estava tão preocupado com essa tarefa que não percebeu que valorizando Alexandra, desvalorizou a profissão da professora. Só percebeu isso quando notou o olhar furioso e ofendido da professora. Quando percebeu, e entendeu a besteira que tinha feito, não se preocupou. Ele conseguiria passar de ano, mesmo que a professora não gostasse dele. O que realmente importava naquele momento era preparar o terreno, lançar as primeiras sementes.

Letra: Every Rose has it's thorns

Johnny 6 - Pensamentos


IERJ visto do alto. Da esquerda para a direita: pista de atletismo(1),
quadra de esportes(2), piscina(3), biblioteca(4),
o prédio principal(5) e, na extrema direita, o Teatro(6).


Quem entra pelo portão principal do IERJ passa pelo hall que fica sob dois andares de salas de aula e chega no quadrado interno da construção, que é o pátio. No lado oposto à entrada fica o auditório. Os outros dois lados são de salas de aula, onde estudam os alunos do ginásio (5ª à 8ª série).

Johnny gostava de ficar sentado em frente à porta do auditório, um dos melhores lugares para observar o pátio todo. Normalmente ele se sentava ali para assistir o desfile de alunas do ginásio usando mini-saia colegial, mas agora ele estava olhando para lugar-nenhum e pensando. Sentia uma ansiedade de contar para alguém a história recém-acontecida no banheiro, mas se lembrava que não tinha nenhum amigo na nova escola.

A grama do vizinho é sempre mais verde, e Johnny se lembrou do ano anterior, onde conhecia todos os alunos da escola. Não que falasse com todos. Pelo contrário. O único colega com quem Johnny gostava de conversar era Hugo, com quem estudara desde a segunda série. Sete anos na mesma turma, brincando e fazendo os trabalhos escolares juntos. E com a mudança para o segundo grau, tinham se separado. Johnny não tinha com quem falar e discutia consigo:

- Pô, seria tão bom se o Hugo estivesse aqui!
- Ih, quê isso? Vai ficar desejando a companhia de homem? Isso é coisa de viado!
- Ah, mas ele era legal...
- Era legal, mas e daí? Agora vai ficar com esses pensamentos de garotinha adolescente? "bla-bla-bla Seria legal se ele estivesse aqui snif-snif"... Ah, vira homem, porra! Imagina se alguém ouve você pensando isso!
- Ninguém vai 'ouvir' meus pensamentos. E ele era legal, mesmo. Eu conversava tanto com ele...
- É, mas agora a gente tá numa escola nova, e precisamos conhecer gente nova. De preferência mulheres! E, outra coisa: passou a época de ter coleguinhas. Agora a gente vai ter alguns amigos pra sair e beber e vai conhecer as mulheres, para pegar!

"Deixemos de coisa, cuidemos da vida, se não..."

Johnny passou os olhos pelo pátio e viu alguns grupos de meninas adolescentes, todas elas conversando, animadas. Seu lado prático ganhou mais um argumento:

- Tá vendo? Cheio de mulher aqui e você pensando em homem, porra! Vamos à luta, agora que você tem a estrela do terceiro ano! É isso. Vamos parar de lembrar de coleguinhas de infância e tratar de arrumar alguns amigos e muitas mulheres!

Muitas vezes, quando a gente toma alguma decisão, a gente precisa se mexer. Talvez à medida que o cérebro balança enquanto andamos, a idéia se assenta na massa cinzenta. Pelo menos com Johnny era assim. Ele se levantou do chão do pátio e começou a andar em direção à sala de aula.

Andando sozinho pelos corredores largos daquela escola imensa, sem conhecer ninguém e, e novamente lembrando e sentindo saudades do Hugo... Novamente esta viadagem! Johnny sacudiu a cabeça para tirar essa idéia e chegou na porta da sala de aula.

Entrou na sala, se sentou no seu cantinho preferido e voltou a pensar na idéia-aventura de conhecer gente nova, e percebeu que o momento era perfeito: naquela escola tinha todo o tipo de gente que ele podia querer. Tinha as gostosas, as nerds, as bagunceiras... Logo, logo, ele conseguiria encontrar a companhia que estava fazendo tanta falta.

Johnny 5 - No banheiro da escola...

Johnny sentia que estava diferente: o maço de cigarros no bolso e a estrela presa na gola da blusa davam a ele sensação de ser realmente um veterano. Ele entrou no banheiro e perguntou ao espelho como estava o novo visual. Gostou da resposta que viu, ajeitou levemente a estrela, respirou fundo e, quando se virava para voltar ao pátio, viu pelo espelho que Natalia estava entrando no banheiro.

- Natalia, acho que você errou a porta. Esse é o banhei...

Ela interrompeu:

- Cala a boca e vem cá.

Johnny foi puxado pela mão até o último reservado. Ali eles teriam a privacidade que ela sempre exigia. Entraram e ele trancou a porta. Sem perder tempo com explicações ou preocupações, começaram a conversar do jeito que melhor se entendiam: através de suas línguas.

Ali, quase entre quatro paredes, eles se empolgaram, e o beijo esquentou. Natalia fez uma pausa no diálogo entre as línguas e segurou o rosto de Johnny, olhando nos seus olhos. Com aquela pausa, os dois puderam aproveitar melhor a sensação de estarem sozinhos, livres para fazerem tudo que quisessem. Natalia fechou novamente os olhos, uma forma silenciosa de convidar Johnny a fazer o mesmo, e atacou com a boca o pescoço do rapaz. Subindo do pescoço para a orelha, Natalia disse:

- Você é uma delícia!!!

As palavras entraram pelo ouvido, e os pontos de exclamação percorreram todo o corpo de Johnny na forma de arrepios, causados pelos beijos, lambidas e chupadas que recebeu no lóbulo.

Natalia sabia se expressar muito bem! Desceu com a boca pelo pescoço dele, em direção ao peito. Logo sua boca chegaria aos botões do uniforme, mas antes da boca chegaram suas mãos, abrindo devagar, botão por botão, a blusa dele.

À medida que os botões se abriam, a boca avançava. Quando a blusa estava toda aberta ela sorriu, vendo que tudo o que tinha à sua disposição. Johnny mantinha no rosto um sorriso inconsciente. A boca entreaberta, mais do que um sorriso, era uma forma de conseguir o máximo de ar possível, porque seu sangue fluía muito rápido por seu corpo, acompanhando o trajeto da boca macia de Natalia. Sua pele toda se arrepiava com os beijos, lambidas, sopros e mordidas que recebia. Eram sensações novas e maravilhosas.

Dois meninos entraram no banheiro falando alto, gritando sobre um jogo de futebol qualquer. Natalia parou de beijar Johnny e fez sinal para ele ficar calado. Nosso amigo entendeu bem o recado. Abraçou Natalia com força, fazendo com que ela sentisse o calor do corpo dele. Com delicadeza, falou baixinho no ouvido dela:

- ADOREI tudo isso! Agora é MINHA vez de retribuir.

O abraço, o carinho na nuca e a voz no ouvido (sem contar o perigo) derreteram, completamente, Natalia. Seu corpo pediu mais oxigênio, e ela precisou inspirar com força para não perder a conciência.

Johnny seguiu o mesmo caminho que Natalia tinha feito. Beijou sua orelha e pescoço, explorando toda a pele da nuca ao queixo. Às vezes beijava, às vezes lambia, outras vezes só passava os lábios, e o ar quente da sua respiração fazia a menina suspirar.

Ele adorou a textura da pele, o cheiro e o corpo dela colado no seu. Ele não precisou criar coragem; apenas permitiu que o momento falasse mais alto e, no ritmo certo, suas mãos estavam por dentro da blusa dela, fazendo carinho na barriga, enquanto sua boca já chegava perto dos botões do uniforme. Seu olfato estava adorando aquele cheiro novo. A visão gravava na memória aquela nova geografia: as colinas e o vale dos seios de Natalia. Como uma relva sobre as colinas, ela vestia um top de cor verde-limão.

Indeciso entre acariciar e abrir a blusa, Johnny voltou ao ouvido de Natalia e murmurou, ofegante:

- Abre... a blusa... pra mim... AGORA!

Sendo beijada e apertada, excitada e sem conseguir pensar, Natalia esteve perto de arrancar os botões, mas conseguiu empurrar Johnny e dizer:

- Aqui não. Agora não.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Johnny

CAPÍTULOS

1 - Trote
2 - Sonhos
3 - Realidade
4 - A estrela
5 - No banheiro da escola...
6 - Pensamentos
7 - "Marina, morena Marina..."

Johnny

1 - Trote

Uma história começa começando, pelo começo. E essa começa assim:

O ano era 2000. O lugar, o Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ).

O IERJ tinha sido, durante muito tempo, uma escola para normalistas. Mesmo já sendo uma escola regular, ainda havia muito mais meninas do que rapazes. E em fevereiro de 2000 começaram as aulas do primeiro ano do segundo grau, e lá estava Johnny, feliz por ter tantas mulheres à sua volta. Agora ele poderia testar a técnica de Don Juan que por tanto tempo ele tinha treinado na frente do espelho.

O primeiro dia de aula começou com o diretor, no auditório, apresentando a escola aos calouros. Depois cada turma foi para sua sala e Johnny teve mais dois tempos de Geografia, com aquela professora velha com o cabelo esquisito, que usou a aula para que os alunos se conhecesssem, falando nome, idade, estas coisas. Johnny viu algumas meninas bonitas na sala, tentou gravar os nomes daquelas que pareciam mais interessantes, mas sabia que aquelas seriam mais complicadas. Muito contato podia ser prejudicial. O que mais interessava a ele eram as alunas das outras salas e, mais ainda, das outras séries.

Quando chegou a hora do recreio, ele e seus colegas tremeram um pouco, porque sabiam que levariam trote dos veteranos do terceiro ano. Com Johnny não foi diferente. Tinha sido cercado por algumas alunas do terceiro ano, e ia ser pintado com batom, quando apareceu o Robertinho, que era seu colega de infância.

- Não, esse aqui não leva trote. Esse é o meu amigo, Johnny Capado!

"Não, Robertinho, não precisava dizer o apelido! Vai me queimar!", pensou Johhny. Agora a idéia de ser pintado já não era tão ruim. Mas as meninas começaram a rir, e desistiram de pintar:

- Johnny o quê? CA-PA-DO?

Algumas mais atiradinhas foram apalpar Johnny para conferir. Ele rebolou de cá, gingou de lá, afastou algumas mãos das meninas e saiu correndo para o banheiro.

Quando chegou lá:

- Merda, merda, merda! Porra, por que Robertinho aparecer agora e falar isso! Caralho... E eu, também, piorando tudo! Correr para o banheiro? Porra, que coisa idiota! Eu devia ter dito "capado nada, confere aqui", em vez de correr como galinha.
"Mas ainda dá pra fazer isso. Virar o jogo! Sair de vítima para pré-garanhão! É exatamente isso que as meninas desta escola precisam, e é isso que eu vou dar pra elas."
"Virar o jogo. É o jeito. E tenho que começar agora. Coragem."
"Eu não vou conseguir. Nunca fiz isso. Nem sei fazer. Mas tenho que fazer. E não posso perder mais tempo."

Saiu do banheiro, barriga para dentro, peito para fora. Como queria, encontrou com as veteranas. Natalia, uma das meninas que tinha tentado apertar Johnny, provocou:

- E aí, Capado, foi ver se cresceu alguma coisa?

Todas riram e ele respondeu:

- Fui, mas não consegui ver. Quer ver pra mim?

Todo mundo parou de rir. As colegas olharam espantadas para Natalia, que não soube o que dizer. Johnny soube:

- Bom, se nenhuma de vocês tem coragem... Vou tentar com alguma do ginásio. Tchau, foi um prazer conhecer vocês.

Virou as costas para elas e saiu. Natália, que era responsável por tudo aqulo, foi atrás e puxou o braço dele:

- Calma, calouro! Qual sua idade?
- 15.
- Que pena... Muito novinho...
- Você devia saber que essa é a idade do primeiro ano.
- Grossinho, você, hein?
- ...
- Mas eu gosto disso!

E 'pá', Johnny pegou uma aluna do terceiro ano no primeiro dia de aula.

Começando tão bem, ninguém nunca mais lembrou que ele tinha aquele apelido.

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2 - Sonhos

Era para ser só um estalinho, mas Johnny mostrou atitude, abusou, e a garota não resistiu. O estalinho virou um beijo decente, com línguas se conhecendo, braços abraçando e mãos apertando e sentindo.

Natalia descobriu que Johnny não era nada capado e percebeu que o beijo estava indo longe demais. Ninguém tinha visto ainda, e ela disse para ele:

- Quem come calado, come dobrado.

Ele entendeu o recado. No dia seguinte, no recreio, quando ia para a cantina, passou pela pedra onde estavam Natalia e três amigas. Ele fingiu que não tinha visto, mas ela o chamou:

- Johnny, chega aí! Já ia passando direto sem falar com a gente?

Ele sentiu muita vergonha, mas tinha que ir. As meninas fizeram perguntas bobas para ele, enquanto Natalia não tirava o olhar do botão aberto da blusa de Johnny. Ele ficou parado, se sentindo quadruplamente devorado, enquanto respondia as perguntas. Só quando saiu dali percebeu que não estava respirando direito de tanta tensão.

Em encontros casuais, assim, ele foi conhecendo algumas pessoas do terceiro ano. Natalia e suas três amigas, que sempre estavam perto da cantina, fumando escondidas. Os rapazes do Bonde dos Cachorros (BC), as meninas que curtiam violão, o pessoal que matava aula pra fumar escondido na pista…

E ele começou a andar com os alunos do terceiro ano. Era onde estavam as meninas que lhe interessavam, mas ele não interessava muito a elas. Novinho, no meio dos mais velhos, era tratado como um mascote. Ou como um brinquedo, se olharmos por outro ângulo; principalmente por Natalia. Ele fazia 'servicinhos' para ela. Coisas simples, escolares, como comprar chocolate na cantina, e ele ganhava um pedaço. Comprava balas para ela, e ganhava uma ou duas. Pegava livros na biblioteca no nome dele, e ganhava beijos. Sempre mais de um, porque entre os dois acontecia uma boa reação química. Mas estes beijos eram sempre escondidos. Ninguém sabia e ninguém podia saber. "Quem come calado, come dobrado", como ela sempre dizia. E ele nunca respondia nada sobre realmente comer ela, e ela achava isso lindo!

Beijar Natalia de vez em quando era legal, mas ainda era muito diferente do que ele pensava que seria o segundo grau. Durante todo o ginásio ele sonhava com a época da faculdade e as suas 'universitárias safadas'. Agora, no segundo grau, eram as quase-universitárias que ele buscava. Mas elas naõ tinham nenhum interesse nos calouros. O que elas queria eram os veteranos, como os rapazes do Bonde dos Cachorros.

Johnny pediu para fazer parte do grupo, mas para apresentar o tal 'Pedido de Inclusão no Bonde' (eles tinham essa besteira), Johnny precisava pegar publicamente cinco meninas da escola. O máximo que ele conseguia era beijar Natalia às vezes, e isso ele não podia contar para ninguém. "Quem come calado, come dobrado".

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Parecia que só sobrava para Johnny a opção de ficar perto dos Cachorros, esperando para ver se sobrava alguma menininha mais feia, que nenhum deles quisesse. Mas isso não acontecia, porque as coisas eram assim:

Um dia Johnny estava na pista, conversando sobre músicas com os rapazes que tocavam violão. Apareceram duas meninas da 8ª série. Lindas, corpinhos bastante desenvolvidos... Uma delas, com um sorriso muito safado, disse para o rapaz que estava com o violão na mão:

- Posso te pedir uma coisa? Toca uma música para mim?
- Pode ser, mas o que eu ganho em troca?
- Ah, toca e descobre! Mas você vai gostar!

Ele tocou a introdução de Stairway to Heaven e a menina foi se derretendo aos poucos. Quando acabou a introdução, ele disse:

- O que eu mereço?

A garota abriu o sorriso e se aproximou dele. Pegou o violão, quase esfregando o decote no nariz do rapaz. Sentou no colo dele e os dois se beijaram.

Johnny ficou surpreso com tanta facilidade. Pensou: "também quero, também quero"! Pegou o violão que estava encostado no muro e, fazendo trilha sonora para o beijo, tocou as notas de My Heart Will Go On, que fazia enorme sucesso entre as românticas. Tocava olhando para a menina que também estava segurando vela, e ela perguntou:

- Cadê sua estrela?

Ele já tinha uma desculpa na ponta da língua, mas o rapaz parou de beijar para dizer:

- Ele é do primeiro ano e tem vergonha de usar a estrela!
- Ai, primeiro ano? - ela tinha quase nojo na voz, e falou para a colega: - Amiga, eu to indo embora.

A amiga, que tinha voltado a beijar o rapaz, se levantou e falou para ele:

- Eu também vou. Adorei a 'música'. Amanhã, na hora do meu recreio, vou passar aqui e pedir outra, tá?
- Claro!

E as meninas foram embora, e ficaram só Johnny e o rapaz que tocava violão.

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4 - A estrela

Na sala de aula, Johnny sentava perto da porta. Não era para ser o primeiro a sair. Era para poder olhar para o pátio durante as aulas mais chatas. E em uma aula de Literatura...

Sentada no pátio, olhando para cima, estava uma morena bonita, cabelos encaracolados presos como rabo-de-cavalo. Sua boca era o que mais chamava atenção no seu rosto. Grande. Um pouco acima do limite para que houvesse harmonia em seu rosto, mas era uma linda grande boca. E tudo era bonito: os cabelos, o rosto, mesmo desarmônico, o busto, as pernas, a bunda. Aquelas calças coladas que ela usava então... Era tentação demais. Ela tinha as letras "VI" bordadas na manga da camisa. Sexta série. Devia ter 12 ou 13 anos, mas agia como se fosse adulta.

Ela estava sentada e olhando para cima, na direção de Johnny. Mas não era para ele. Era para algum garanhão do terceiro ano, no andar de cima. Não foi para Johnny que ela se sentou de frente e abriu as pernas, tentando mostrar... Talvez o puído da região, mas ainda assim bastante insinuante. Johnny adorou ver, mas não foi para ele que ela abriu o botão superior da blusa e mostrou um pedaço do porta-seios, cor-de-pele, cor adulta.

Foi demais. Triste, desiludido, perto de chorar, ele saiu da sala e foi para a pista, onde certamente tinha gente matando aula.

Lá ele encontrou Natalia, que logo pediu para ele voltar e ir à cantina comprar balas para ela. Bem diferente do que seria esperado, ele disse:

- Ah, Natalia... Vou não.

Ela percebeu que alguma coisa tinha acontecido. Perguntou o que era, e ele foi sincero. Queria ser do terceiro ano para poder fazer sucesso com as meninas, e não tinha paciência de esperar mais dois anos e só poder aproveitar por um ano.

- Johnny, você é um cara legal. Por isso eu vou te dar duas coisas que vão te ajudar muito. Primeiro: você já fumou?
- Não.
- Dá um trago nesse cigarro aqui.

Era um Hollywood vermelho sem filtro, mas Johnny não sabia o que isso significava. Puxou, tragou e tossiu muito! Ela riu:

- Pronto, tá quase virando um veterano. Põe esse maço aqui no bolso, para todo mundo ver. Você vai chegar perto das meninas, elas vão ver que você fuma e vão pensar que você é mais velho, mais independente e mais maduro. Agora só falta uma coisa.

Natalia tirou a estrela do terceiro ano da sua blusa e pregou na blusa de Johnny. Era uma cena bonita, e deveria ter sido fotografada. Parecia uma cerimônia de formatura. Ele em pé, rígido, quase perfilado, e ela se demorando em alfinetar a estrela na blusa dele. Era um momento romântico, até. Ela fazia questão de pesar as mãos no peito dele, sentindo o pobre coração do rapaz bater rapidíssimo. Ah, os adolescentes!

E no fim da 'cerimônia', quando ele já se sentia um lado do corpo mais pesado do que o outro, ela deu um beijo-selinho nele. Na frente de todo mundo!

Suas colegas viram o beijo mas não ligaram. Pensaram materialmente:

- E agora, você vai ter que comprar outra estrela!

- Valeu a pena. Nunca tinha visto um sorriso tão bonito como aquele! Nem quando meu namorado tirou minha virgindade.

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