sábado, 21 de julho de 2012

F5

Muitas idéias têm re-aparecido frequentemente para mim. Algumas reais, até. Exemplo: as pessoas têm falado demais sobre o Facebook. Demais mesmo. O virtual está se incorporando ao real. F5, pessoal!

Não estou falando isso com um tom reacionário, ou cult: "precisamos falar mais sobre a realidade, ler um livro bla-bla-bla".

Meu tom é F5, atualização.

Muitos relacionamentos acontecem quase-exclusivamente no mundo virtual.

Se eu aceitasse ser um peão, eu diria que tenho ouvido "En passant". Como sou pretensioso, digo que tenho ouvido "de passagem pela caixa" muitas reclamações de homens, mulheres, adolescentes, adultos, namorados, noivos e casados:

- Porra, essa piranha 'curtiu' a foto do cara da outra rua...
- Safado, ele ainda fala com aquela piranha!!!
- Ahn, ela não postou a foto que a gente tirou junto. :(

Casos de traição, suposta traição ou excesso de atenção agora acontecem "pelo Face", não mais na balada, trabalho, escola ou vizinhança.


A propósito, as pessoas traem muito. Por que será que tantas pessoas estão se "desviando do padrão"?

Pense rapidamente em alguns temas polêmicos, como
fidelidade;
legislação sobre drogas;
celibato na igreja católica;
leis que regulam o comportamento sexual; e
preconceito que incide sobre os que não se enquadram.

"Tuas idéias não correspondem aos fatos"?
As idéias da sociedade correspondem aos fatos?
Por que tantas pessoas estão se "desviando do padrão"?
O mundo está todo borrado ou a lente está suja?

Mas hoje parece que não há tempo que possa ser usado pensando sobre o passado. O mundo está rápido demais.


MÁXIMAS

De um parágrafo perdido, salvei a frase "O prazer que eu sinto quando escrevo não pode ser falsificado". Gostei da frase mas não senti segurança para escrevê-la como uma máxima ou aforismo.

Recorri a frases de outros, tão simples e subjetivas quanto a minha.

Subjetivas... As frases, as poesias, a ficção, até os tratados, tudo é filho da subjetividade. A popularidade destas obras depende de os populares viverem ou pensarem aquela subjetividade.


FRASES SOBRE ESCREVER

"Escrever é fácil: você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as idéias." (Pablo Neruda)

"Escrever é a única profissão em que ninguém é considerado ridículo se não ganhar dinheiro." (Jules Renard)

"Os que escrevem com clareza têm leitores, os que escrevem de maneira obscura têm comentaristas." (Albert Camus)


P.s.:  F5  = atualizar/recarregar a página da WEB.

21/jul e 24/nov/2012

terça-feira, 17 de julho de 2012

Johnny 7 - "Marina, morena Marina..."

Aquele era um dos primeiros dias do ano letivo, e ainda não havia aulas, exatamente. Os professores ainda estavam se apresentando para as turmas e pediam para que cada aluno se apresentasse também. As cadeiras estavam arrumadas em círculo, para que todos pudessem ver todos.

Na cadeira ao lado da professora sentou-se uma menina. O que chamou a atenção de Johnny foi o elástico rosa que ela usava para prender o cabelo em rabo-de-cavalo. Enquanto a moda era o prendedor em forma de bico-de-pato, aquela menina usava um acessório diferente, original. Talvez tenha sido este detalhe simples que prendeu o olhar de Johnny. Ele analisava atentamente sua nova colega de turma enquanto os alunos se apresentavam.

Ela não era aquele tipo de mulher que chama a atenção de todos os homens quando passa na rua. Sua pele era muito branca e seu rosto arredondado. Um pouco redondo demais, e marcado de espinhas vermelhas. Os hormônios da adolescência estavam sendo cruéis com ela. "Já combinamos nisso!", Johnny pensou.

A blusa do uniforme dela menina estava com todos os botões fechados, o que indicava que ela não era uma das safadinhas da escola. Pelo menos não descaradamente. Em vez da tradicional e sensual mini-saia colegial, ela usava calça comprida, mas não colada, como as outras. A calça só marcava o quadril, que já era avantajado, deixando o resto do trabalho para a imaginação de Johnny, que começou a perceber que por baixo daquele uniforme comportado havia um corpo bem atraente!

Completando o conjunto, como 90% das alunas, ela calçava sapatilhas de boneca, e isso não ajudava Johnny a definir quem era aquela menina que tinha chamado tanto sua atenção. Enquanto ele pensava nisso, chegou a vez dela de se apresentar:

- Oi, eu sou Marina e tenho 15 anos, como a maioria aqui, né? E eu também sou nova na escola, igual todo mundo. E quando eu crescer eu quero ser pintora, igual minha mãe.

Enquanto os colegas riam da profissão que ela escolheu, Johnny olhou para as mãos dela. Pareciam mãos macias e delicadas, ideal para quem quer usá-las para criar arte. Ou fazer carinho. Este foi o gatilho para que sua imaginação voasse descontroladamente até imaginar uma cena com ele e ela sentados nas areias da praia, olhando o pôr-do-sol e fazendo carinho um no outro.

Os olhos de Johnny estavam na direção de Marina, mas ele não prestava atenção ao que os olhos viam. Estava concentrado na imagem que a mente criava, e às vezes direcionava a atenção para Marina, apenas para colher mais alguns detalhes para construir a história na sua imaginação.

Olhava para os lábios grossos da menina branca, e sonhava com beijos delicados e carinhosos enquanto andavam, talvez um beijo apaixonado no meio da faixa de pedestres, durante um sinal fechado. Será que ela gostaria desta mistura de exibição e adrenalina? Levantou o olhar e procurou a resposta nos olhos castanhos dela. E ela estava olhando para ele! Ele desviou o olhar e correu os olhos pela roda de colegas, para saber se alguém tinha percebido, e descobriu que absolutamente todos os alunos estavam olhando para ele. "Será que eu pensei alto e acabei falando alguma coisa?" Seu último olhar, já desesperado, foi para a professora, que também estava olhando para ele. A mestre percebeu que só agora tinha a atenção do aluno e repetiu o que tinha acabado de dizer:

- Então, meu querido, agora é a sua vez de falar. Está tudo bem com você?

Mais um momento de tensão, mas Johnny se lembrou do seu grande triunfo recente, quando decidiu enfrentar a situação em vez de tentar fugir. Respirou fundo e, mesmo sentindo todos os seus músculos se agitarem, e percebendo toda a sua tensão, respondeu:

- Desculpa, professora. Eu tava pensando no que a... Marina falou. Sobre ser pintora. Acabei de descobrir o quê quero ser quando crescer: quero ser modelo para a pintora Marina!

Alguns alunos assoviaram 'fiu-fiu', outros gargalharam, e quase todos, inclusive Johnny, sorriram. Marina foi a única que não sorriu; estava tímida e surpresa, com o rosto mais vermelho do que o normal. A professora olhava para Johnny e para Marina, procurando alguma explicação. Johnny piscou um olho para Marina e completou, para a professora:

- Não, não, tô brincando, mas eu acho artes plásticas muito legal. Queria ter talento para isso. Pintar, desenhar, esculpir... Ou beleza para ser modelo, mas... Acho que no fim das contas vou acabar sendo professor, mesmo.

Johnny sorriu, achando graça de sua própria resposta. Achava que tinha se saído bem. Realmente queria ser professor e em vez de simplesmente dizer isso, deu uma indireta para Alexandra. Estava tão preocupado com essa tarefa que não percebeu que valorizando Alexandra, desvalorizou a profissão da professora. Só percebeu isso quando notou o olhar furioso e ofendido da professora. Quando percebeu, e entendeu a besteira que tinha feito, não se preocupou. Ele conseguiria passar de ano, mesmo que a professora não gostasse dele. O que realmente importava naquele momento era preparar o terreno, lançar as primeiras sementes.

Letra: Every Rose has it's thorns

Johnny 6 - Pensamentos


IERJ visto do alto. Da esquerda para a direita: pista de atletismo(1),
quadra de esportes(2), piscina(3), biblioteca(4),
o prédio principal(5) e, na extrema direita, o Teatro(6).


Quem entra pelo portão principal do IERJ passa pelo hall que fica sob dois andares de salas de aula e chega no quadrado interno da construção, que é o pátio. No lado oposto à entrada fica o auditório. Os outros dois lados são de salas de aula, onde estudam os alunos do ginásio (5ª à 8ª série).

Johnny gostava de ficar sentado em frente à porta do auditório, um dos melhores lugares para observar o pátio todo. Normalmente ele se sentava ali para assistir o desfile de alunas do ginásio usando mini-saia colegial, mas agora ele estava olhando para lugar-nenhum e pensando. Sentia uma ansiedade de contar para alguém a história recém-acontecida no banheiro, mas se lembrava que não tinha nenhum amigo na nova escola.

A grama do vizinho é sempre mais verde, e Johnny se lembrou do ano anterior, onde conhecia todos os alunos da escola. Não que falasse com todos. Pelo contrário. O único colega com quem Johnny gostava de conversar era Hugo, com quem estudara desde a segunda série. Sete anos na mesma turma, brincando e fazendo os trabalhos escolares juntos. E com a mudança para o segundo grau, tinham se separado. Johnny não tinha com quem falar e discutia consigo:

- Pô, seria tão bom se o Hugo estivesse aqui!
- Ih, quê isso? Vai ficar desejando a companhia de homem? Isso é coisa de viado!
- Ah, mas ele era legal...
- Era legal, mas e daí? Agora vai ficar com esses pensamentos de garotinha adolescente? "bla-bla-bla Seria legal se ele estivesse aqui snif-snif"... Ah, vira homem, porra! Imagina se alguém ouve você pensando isso!
- Ninguém vai 'ouvir' meus pensamentos. E ele era legal, mesmo. Eu conversava tanto com ele...
- É, mas agora a gente tá numa escola nova, e precisamos conhecer gente nova. De preferência mulheres! E, outra coisa: passou a época de ter coleguinhas. Agora a gente vai ter alguns amigos pra sair e beber e vai conhecer as mulheres, para pegar!

"Deixemos de coisa, cuidemos da vida, se não..."

Johnny passou os olhos pelo pátio e viu alguns grupos de meninas adolescentes, todas elas conversando, animadas. Seu lado prático ganhou mais um argumento:

- Tá vendo? Cheio de mulher aqui e você pensando em homem, porra! Vamos à luta, agora que você tem a estrela do terceiro ano! É isso. Vamos parar de lembrar de coleguinhas de infância e tratar de arrumar alguns amigos e muitas mulheres!

Muitas vezes, quando a gente toma alguma decisão, a gente precisa se mexer. Talvez à medida que o cérebro balança enquanto andamos, a idéia se assenta na massa cinzenta. Pelo menos com Johnny era assim. Ele se levantou do chão do pátio e começou a andar em direção à sala de aula.

Andando sozinho pelos corredores largos daquela escola imensa, sem conhecer ninguém e, e novamente lembrando e sentindo saudades do Hugo... Novamente esta viadagem! Johnny sacudiu a cabeça para tirar essa idéia e chegou na porta da sala de aula.

Entrou na sala, se sentou no seu cantinho preferido e voltou a pensar na idéia-aventura de conhecer gente nova, e percebeu que o momento era perfeito: naquela escola tinha todo o tipo de gente que ele podia querer. Tinha as gostosas, as nerds, as bagunceiras... Logo, logo, ele conseguiria encontrar a companhia que estava fazendo tanta falta.

Johnny 5 - No banheiro da escola...

Johnny sentia que estava diferente: o maço de cigarros no bolso e a estrela presa na gola da blusa davam a ele sensação de ser realmente um veterano. Ele entrou no banheiro e perguntou ao espelho como estava o novo visual. Gostou da resposta que viu, ajeitou levemente a estrela, respirou fundo e, quando se virava para voltar ao pátio, viu pelo espelho que Natalia estava entrando no banheiro.

- Natalia, acho que você errou a porta. Esse é o banhei...

Ela interrompeu:

- Cala a boca e vem cá.

Johnny foi puxado pela mão até o último reservado. Ali eles teriam a privacidade que ela sempre exigia. Entraram e ele trancou a porta. Sem perder tempo com explicações ou preocupações, começaram a conversar do jeito que melhor se entendiam: através de suas línguas.

Ali, quase entre quatro paredes, eles se empolgaram, e o beijo esquentou. Natalia fez uma pausa no diálogo entre as línguas e segurou o rosto de Johnny, olhando nos seus olhos. Com aquela pausa, os dois puderam aproveitar melhor a sensação de estarem sozinhos, livres para fazerem tudo que quisessem. Natalia fechou novamente os olhos, uma forma silenciosa de convidar Johnny a fazer o mesmo, e atacou com a boca o pescoço do rapaz. Subindo do pescoço para a orelha, Natalia disse:

- Você é uma delícia!!!

As palavras entraram pelo ouvido, e os pontos de exclamação percorreram todo o corpo de Johnny na forma de arrepios, causados pelos beijos, lambidas e chupadas que recebeu no lóbulo.

Natalia sabia se expressar muito bem! Desceu com a boca pelo pescoço dele, em direção ao peito. Logo sua boca chegaria aos botões do uniforme, mas antes da boca chegaram suas mãos, abrindo devagar, botão por botão, a blusa dele.

À medida que os botões se abriam, a boca avançava. Quando a blusa estava toda aberta ela sorriu, vendo que tudo o que tinha à sua disposição. Johnny mantinha no rosto um sorriso inconsciente. A boca entreaberta, mais do que um sorriso, era uma forma de conseguir o máximo de ar possível, porque seu sangue fluía muito rápido por seu corpo, acompanhando o trajeto da boca macia de Natalia. Sua pele toda se arrepiava com os beijos, lambidas, sopros e mordidas que recebia. Eram sensações novas e maravilhosas.

Dois meninos entraram no banheiro falando alto, gritando sobre um jogo de futebol qualquer. Natalia parou de beijar Johnny e fez sinal para ele ficar calado. Nosso amigo entendeu bem o recado. Abraçou Natalia com força, fazendo com que ela sentisse o calor do corpo dele. Com delicadeza, falou baixinho no ouvido dela:

- ADOREI tudo isso! Agora é MINHA vez de retribuir.

O abraço, o carinho na nuca e a voz no ouvido (sem contar o perigo) derreteram, completamente, Natalia. Seu corpo pediu mais oxigênio, e ela precisou inspirar com força para não perder a conciência.

Johnny seguiu o mesmo caminho que Natalia tinha feito. Beijou sua orelha e pescoço, explorando toda a pele da nuca ao queixo. Às vezes beijava, às vezes lambia, outras vezes só passava os lábios, e o ar quente da sua respiração fazia a menina suspirar.

Ele adorou a textura da pele, o cheiro e o corpo dela colado no seu. Ele não precisou criar coragem; apenas permitiu que o momento falasse mais alto e, no ritmo certo, suas mãos estavam por dentro da blusa dela, fazendo carinho na barriga, enquanto sua boca já chegava perto dos botões do uniforme. Seu olfato estava adorando aquele cheiro novo. A visão gravava na memória aquela nova geografia: as colinas e o vale dos seios de Natalia. Como uma relva sobre as colinas, ela vestia um top de cor verde-limão.

Indeciso entre acariciar e abrir a blusa, Johnny voltou ao ouvido de Natalia e murmurou, ofegante:

- Abre... a blusa... pra mim... AGORA!

Sendo beijada e apertada, excitada e sem conseguir pensar, Natalia esteve perto de arrancar os botões, mas conseguiu empurrar Johnny e dizer:

- Aqui não. Agora não.