sábado, 19 de novembro de 2011

Fera Ferida

Gente, vocês não conseguirão acreditar: um cara chutou um gato!

Peço desculpa a quem tiver se sentido muito chocado, passado mal ou desmaiado diante deste absurdo.

Mas isso aconteceu. Virou até tema de discussão na WEB. No Orkut, que é um lugar meio caído, é verdade, mas isso aconteceu.

É que um gato filhote estava na cantina do Instituto de Educação (IERJ). Conheço bem aquela cantina (não a parte de dentro), consigo imaginar bem um gato ali, por ali, passeando, se banhando sob o sol da manhã, que ilumina obliquamente o corredor em frente à cantina. Por ali passeia o gato.

Na cantina, deliciosos salgados estão à mostra, tentando os alunos... E tentando também os gatos, por que não?

Com o inocente intuito de dar à sua tentação um gostinho maior, ou um cheirinho, ou um calorzinho do salgado, o gato entrou na cantina. Foi a pior coisa que ele fez naquele dia.

Maior do que ele, muito maior, vinha um homem. Muito bolado com a vida, ou muito feliz, querendo aparecer, chutou o gato. Brincou de futebol, como diz o denunciante, né? Pois sim... "Lá vai Cantineiro, cobrar a falta, correu, chutou... Errou! Pra fora!".

Foi isso. Cantineiro errou o pé. Chutou forte demais. Isolou ("Bandeirantes, o canal do esporte", ou mais moderno, "Globo e você, tudo a ver"). O gato, frágil, levou a pior. Seu corpo punha sangue para fora. A cena ficava cada vez mais tétrica. O gato contorcia o próprio corpo, sofrendo sua hemorragia interna. Que dó! Os olhos, baixos; o pêlo, eriçado. "Tá todo arrepiado, o coitadinho", diz uma. "É, tá tendo calafrios de dor", diz outra. Não sei, mas por este papo pareciam ser especialistas em comportamento felino.

Então, o bicho ficou lá, no quase-morte, naquele limbo gostoso ("a dor, no fundo, esconde uma pontinha de prazer" / "Quando ela se corta ela se esquece"), até que alguém levou o gato pra outro lugar, ele foi tratado e, enquanto você lê isso, ele está em casa, sentado no sofá comendo Whiskas sabor carne.

E crianças continuam passando fome nas ruas.

E os políticos continuam roubando. > a política é uma grande sacanagem, né? A gente TEM que sair de casa para ir votar, fila, e tal. Daí a gente elege um cara qualquer, para ocupar um cargo qualquer, e o cara rouba, e rouba, e rouba... Sacanagem, né? E se todo mundo votar nulo? Será que não acontece alguma coisa, assim, de repente um passo a mais pr'uma reforma política... Ah, que se foda tudo.

Voltando, o gato tá lá, 'numa nice', e crianças estão com fome. Ah, e os políticos roubando... E um milhão de coisas mais importantes do que o gato. Não?

DENUNCIANTE: Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Tijuca, Rio de Janeiro), aconteceram coisas bem desagradáveis. Em um dado momento, um ser humano (que não deve honrar nem as cuecas que veste), se revoltou porque um gato FILHOTE estava na cantina e, então, resolveu brincar de futebol com ele. O gato inocente, indefeso e desavisado (N.T.: ninguém foi dar uma idéia nele: "sai daí que lá vem o Roberto Dinamite!"), recebeu o chute e na mesma hora caiu, ficou ensangüentado e cheio de dor no meio da cantina. Logo em seguida, uns alunos resolveram ajudar o gatinho e levaram o pobre felino para a Coordenação. O gato já recebeu cuidados e foi adotado por uma professora de Biologia do colégio. O Mostro ainda esta ameaçando as pessoas que estão fazendo a divulgação dessa barbaridade (ele trabalha na cantina). Ate o momento o colégio não tomou nenhuma providencia.

ANÔNIMO 1: Mas qual o nome do vagabundo pra tds poderem denunciar? Precisamos de nomes!!! Infelizmente a justiça nesse país é cega para os q precisam! Um pilantra desses tem q ser mandado pra cadeia JÁ. Canalha, covarde...

ANÔNIMO 2: A direção do Instituto se pronunciou:

Informamos que as diretorias do ISERJ e da FAETEC reprovam qualquer tipo de violência praticada contra o ser humano, a natureza e seus integrantes. Neste sentido, as referidas diretorias manifestam repúdio aos maus tratos sofridos por um gato no interior da cantina do Campus – ISERJ, em 18/10/2011 e socializam as providências tomadas.

(1) Assistência, através do SOE, ao aluno do CAp-ISERJ, que vivenciou os maus tratos contra o animal; [ LEIA-SE: alguém da Orientação Educacional foi lá, perguntou pra criança: 'tudo bem?'. A criança respondeu 'tudo', e pronto. Trabalho completo. ]

(2) Acolhimento do animal até os primeiros atendimentos clínicos; [ tem ser humano que MORRE numa fila tentando conseguir este tal atendimento clínico... que gato sortudo... ]

(3) Transporte do animal à Clínica Veterinária por um Professor do CAp-ISERJ; [ podiam ter chamado um helicóptero para fazer a remoção da vítima... ]

(4) Adoção do animal por uma Supervisora do CAp-ISERJ; [ tudo bem, aqui eu admito inveja do gato! ]

(5) Convocação e advertência verbal ao empregado da cantina pelo Diretor do CAp-ISERJ; [chamaram o cara na CHinCHa! (pequena rede de arrastar) ]

(6) Convocação do locatário da cantina pela Direção Geral do ISERJ para as devidas providências junto ao seu corpo de funcionários e, ainda, manifestação de desagravo junto ao corpo discente do ISERJ; [ porra, chamaram também o dono da cantina? Para demitir o funcionário... Se ia mandar demitir, qual o objetivo de chamar na chincha? Para concluir, uma cartinha "o IERJ está triste com o gatinho agredido blablabla" ]

(7) Encaminhamento da CI 354/11 à DAD/FAETEC para ciência e outras providências. [ papel, papel, burocracia... ]

Sandra Santos (Direção Geral ISERJ)

Fonte: Orkut


Perdoem erros de digitação. São 3 da manhã.

Um comentário:

Airton Bolquett disse...

http://iserj.net/2011/10/manifestacao-institucional-sobre-maus-tratos-de-gatos/comment-page-1/