sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pequena História

Uma vez eu conheci um cara muito legal. Paulinho era o apelido dele. Era um cara muito popular na faculdade. Estava sempre no bar, sempre na cabeceira da mesa.

Falava um pouco alto e gesticulava muito, mas não precisava disso. Todo mundo dava atenção suficiente ao que ele falava. Tinha idéias muito boas sobre os mais diversos assuntos. Música, livros, filmes, política, sociologia, história, filosofia…

A gente gostava de ouvir ele falar. Sonhava que estava tendo o prazer de conversar com um Robespierre, um Steve Jobs, um Renato Russo ainda na faculdade. Eu, especialmente, gostava muito de ouvir ele falar. E nunca escondi isso dele.

Eu gostava dele, sim. Gostava de discutir as idéias dele, sim. Mas gostava mais ainda de estar perto da Marina, sua namorada. Eu ficava ‘segurando vela’, mas era um preço justo a pagar. A recompensa era boa.

Marina era uma mulher linda, gostosa e inteligente. Quando estávamos num grupo grande, Paulinho falava, falava, e o pessoal ouvia, ouvia. E Marina ficava em segundo plano. Então ela vinha para perto de mim, às vezes passava o braço por cima dos meus ombros e se encostava. Muitas vezes ficávamos, à moda antiga, de braços dados, como namorados, ouvindo Paulinho falar.

Quando eu estava sozinho e revivia todos os momentos que tinha passado perto dela, me sentia um idiota por estar pensando em uma mulher que tem dono. E no meio da discussão comigo, me lembrava que alguns toques entre nós não eram tão casuais.

Já nos encostamos com segundas intenções algumas vezes. No ônibus, na casa dele, em volta de alguma mesa de bar… Ainda lembro da primeira vez. Ela vestia uma bermuda branca que me impressionou. Não era curto, não era muito apertado, mas ela estava maravilhosa com aquela bermuda. Andávamos os três pela calçada e eu tentava ficar um passo atrás, para ver melhor. Fiquei a tarde inteira olhando para ela. Paulinho não percebeu. Não tinha tempo para isso, de tanto que conversava.

Quando eu fui ao banheiro, precisei passar atrás dela. Perfeito! Cheguei bem perto, encostei meu quadril no dela, coloquei minhas mãos na sua cintura, puxei um pouco e disse, no seu ouvido:

- Dá licença, meu bem?

Ela demorou um pouco, também gostando daquele contato, e eu aproveitei para dar uma cafungada de respeito, mas discreta, no pescoço dela. Ela estava mais cheirosa do que quando chegou. Agora, além do shampoo importado, tinha também suor, que é um ingrediente muito importante! O suor da minha musa!

Ela deu uma tremidinha com o carinho, forçou seu quadril para trás e finalmente chegou para a frente, para eu passar.

No caminho para o banheiro, olhei para nosso grupo e pensei: ele, o rei. Ela, a rainha louca. Eu, o bobo da corte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Marina morreu. Fernanda cresceu e agora 'tá no ponto'.