Era uma manhã de sol em uma tranquila rua sem saída no Rio de Janeiro. A guarita estava vazia, cancela levantada, o vigia voltava do banheiro no bar da esquina.
Pela rua entrou uma van, pela calçada vieram 5 homens vestidos com botas, calças de combate, colete e capacete. Um corria na frente, seguido por dois grupos de dois homens. O líder do grupo alcançou a entrada de um prédio antes que se fechasse o portão e educadamente segurou o portão para que seus companheiros entrassem no prédio. Entraram em fila, com pressa mas sem correr. O primeiro deu dois passos largos para a frente, ficou em posição de disparo e apertou o gatilho da pistola apontada para as costas do morador.
Ele voltava da padaria, com uma sacola na mão, segurando com a outra mao o jornal que lia enquanto andava. Seus ouvidos acostumados sentiram falta da batida de metal quando o portão se fecha. Apurou a audição e mesmo assim não conseguiu ouvir os cinco pares de botas com sola de borracha correndo da calçada para dentro do prédio. Enquanto ele virava o pescoço para que seus olhos auxiliassem os ouvidos, começaram a aparecer homens no seu campo de visão e ele sentiu um forte impacto nas costas, abaixo das costelas, onde os órgãos não têm proteção de ossos. Não chegou a cair para a frente, mas derramou o jornal que inundou o chão da portaria. Levou a mão até onde fora alvejado e não sentiu sangue. Nem muita dor. Então ele ouviu:
- É uma bala de borracha, mas podemos usar uma de verdade. Você quer? - Não, por favor, não! - Suave. É só não reagir. Entendeu? - Sim, sim, por favor, não precisa me machucar.
Seus olhos de militar aposentado buscaram reconhecer as armas usadas...
- continua -
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